Chegamos à Buenos Aires no momento exato em que o vulcão chileno deu uma trégua.

Três horas antes e duas depois de nossa aterrissagem, nenhum avião pode trafegar no espaço aéreo portenho por causa da nuvem de cinzas.

Que sorte a nossa!

A Argentina é o pais mais pet friendly da América do Sul, e este foi um fator decisivo para desembarcarmos lá.

Os cachorros estão por todas as partes.

Depois de uma burocracia canina sem fim no aeroporto que, na verdade, havia começado duas semanas antes... Lá na Tailândia... O sinal ficou verde para o Fedorento voltar para casa!

A primeira vez que o Tapa esteve em Buenos Aires ele ainda era filhote... Tinha apenas sete meses! Veja no nosso guia de Buenos Aires

Nossa parada na capital argentina foi puramente técnica.

Desenrolar a papelada do carro e tentar recebê-lo o mais rápido possível era o nosso propósito.

Mas sempre sobrava um tempinho para cair na noite do Palermo Soho ou da Recoleta...

... E tomar aquela Quilmes gelada... Hehehe.

Após de dez dias na cidade conseguimos resgatar o nosso velho guerreiro.

Nossos tênis furaram, nossas calças rasgaram, as camisas acabaram, computadores e máquinas de filmar morreram... Mas, o Farofamóvel, nosso equipamento mestre, continuou firme e inabalável, pronto para seguir adiante.

Depois de quase dois meses boiando pelos oceanos do planeta... Vrummmm!!!

O bicho estava vivo novamente!!!

Pegamos um ferry boat e desembarcamos para uma brevíssima passagem por Montevideu, no Uruguai.

Eu ainda estava perplexo com o desempenho do carro... Tudo estava funcionando! Ele estava prontinho para dar outra volta ao mundo, sem nenhum ajuste.

Não deu uma engasgada no frio da Sibéria nem no calor do deserto do Saara. Nunca usamos o macaco para trocar um pneu!

Sem dúvida, o destino foi muito generoso com a gente!

Demos uma passada em Punta del Este...

... E o Tapa reviu os lobos marinhos que tanto gosta.

Pegamos muita chuva no Uruguai.

Os rios transbordaram, os pastos alagaram e os nossos planos de visitar as praias do norte do país, como Cabo Polônio, foram, literalmente, por água abaixo.

Mas, em compensação, chegamos mais rápido no país que mais amamos nesse mundo...

Chegamos no Brasil Chuí!! Estávamos em casa novamente!

A sensação de estar de volta, depois de mais de dois anos foi indescritível!

Entender todas as placas e poder se comunicar com facilidade com qualquer pessoa... Comer um prato de arroz com feijão e farofa... Aquele cimento que se taca na parede e fica colado sem cair... Ahhhhh como foi bom...

É importante viajar para compreender como é bom estar em casa!

Como foi bom estar de volta!

Viajamos pela praia do Cassino, a maior praia do mundo, com mais de 500 km de extensão!

Com direito à belas paradas, claro!

Mas, depois, a saudade bateu e as paradas, como a de Torres, foram apenas para dormir, acordar e seguir viagem.

Chegamos rapidinho no Rio e fechamos o circuito, concluindo assim nossos principais objetivos:

# Dar a volta ao mundo de carro

# Transformar o Tapa no cachorro mais viajado do mundo, com 46 países visitados, superando em 50% o antigo detentor do título.

Tivemos uma recepção linda na casa do meu irmão Bruno! O mesmo local da despedida.

A família e os mesmos amigos de mais de vinte anos de amizade.

Tem muita gente faltando nessa foto, mas a vontade de conversar com todos foi tanta que esquecemos de tirar uma foto com toooodo mundo junto...

Muita cerveja, muita felicidade, muita saudade... Sabe como é...

A Ana foi a melhor companheira que eu poderia desejar. Cuidou de mim, cuidou do meu fedorento. Desenrolada, fez a complicada burocracia tripla da viagem parecer "mel na chupeta". Coloriu meus dias com seu sorriso lindo.

Co-pilota super ativa... Graças aos seus gritos de "CUIDADO!!" Não bati e nem fui preso em nenhum país.

Já o Tapa... Aaaaa o Tapa...

O Tapa foi péssimo!

Quase fui preso por causa dessa criatura suja váááárias vezes.

Nadou em todos os chafarizes proibidos da Europa, tentou "estuprar" um soldado colombiano... Tentou "estuprar" um tira americano. Fez um cocô de três quilos no embarque internacional do aeroporto de Cartagena, também na Colômbia, esburacou metade dos campings do planeta e, claro, levei milhares de broncas. Desapareceu por horas em cinco países diferentes. Quase perdeu o saco em uma briga na Turquia...

Esse é o Tapa: O cachorro-problema.

O que posso dizer depois de viver o meu sonho? O mesmo sonho há mais de vinte anos... Um sonho sem plano B?

A primeira marcha é a mais difícil de ser engatada, a segunda e as seguintes são bem mais fáceis. Depois da curva sempre tem uma alguma coisa maneira. Cuide com muito, muito carinho dos seus pensamentos... Eles podem acontecer.

Mesmo que a vida seja repleta de obstáculos, aduanas burocráticas e fronteiras, só me resta torcer que ela seja uma longa, uma longuíssima Viagem Maneira.

Comidas e bebidas maneiras

Chegamos à Buenos Aires após longas e intermináveis horas de vôo... E, depois de revigorados após uma tarde inteira descansando, mal podíamos esperar para comer uma boa parillada argentina. E, sinceramente, uma das melhores que se tem a fazer em Buenos Aires, se não for a melhor coisa... É comer... Comer muito bem.

Estávamos com saudades da fartura de carne de vaca que só existe na América do Sul. Definitivamente, não há lugar no mundo onde se consuma mais carne de vaca como no nosso continente... Essa fartura e abundância que vemos por aqui, simplesmente não existe no resto do mundo. Carne de vaca nos EUA, Europa e outros países que visitamos é artigo de luxo!

Para comemorar nossa chegada à Argentina tratamos logo de arranjar uma boa “churrascaria” e mandamos ver num delicioso churrasco de cordeiro da Patagônia.

Que carne deliciosa! Uma das melhores carnes que comemos nesses dois anos na estrada.

Macia e suculenta, foi servida acompanhada por diversos molhos! O restaurante que comemos chama-se “Estilo Criolloe fica no bairro Palermo Soho.

Para quem gosta de uma boa carne é o lugar certo! E se gostar de carne vermelha peça esse cordeiro, uma das especialidades da casa e não irá se arrepender. Nota 10!

A Argentina tambem é a terra dos deliciosos presuntos crus, ou jamons crudos, muito fáceis de serem encontrados em todos os bares e restaurantes, a preços muito mais acessíveis que no Brasil... Para acompanhar uma cervejinha gelada não há melhor pedida!

Outro bom lugar para comer em Buenos Aires é o restaurante La Biela, no bairro da Recoleta que, aliás, é o melhor bairro para ficar hospedado.

Neste restaurante, um dos mais tradicionais da cidade, pratos tradicionais argentinos, como o lomitos con funghi que é simplesmente divino. O acompanhamento você pode escolher entre arroz e batata... Nós ficamos com batatinhas assadas. Imperdível!

Outra dica bacana para acompanhar uma boa cervejinha gelada é a tábua de frios argentinos, com variados tipos de presuntos e queijos.

E depois de uma boa comidaria nada melhor que uma boa sobremesa. Na Argentina não há melhor lugar que a rede de sorvetes artesanais Freddo.

Todos os sabores são muito especiais, mas o de doce de leite é algo que não tem palavras. É de lamber os dedos.

Após quase dois meses sem o nosso super Farofa, o resgatamos são e salvo em Buenos Aires. Esse "resgate" teve um gostinho especial... Só tenho uma palavra para descrever nosso carro, que também foi nossa moradia, INSUPERÁVEL!

Então, com o nosso insuperável Farofamóvel novamente nas mãos... Saímos desenfreados em direção ao nosso saudoso Brasil... E a primeira parada foi em Montevideu, no Uruguai. Como bons comedores, obviamente, fomos direto ao encontro do delicioso churrasco uruguaio... Um dos melhores que existe. Carne suculenta e farta... Nos acabamos de tanto comer.

Depois de Montevideu, nos jogamos num camping em Punta del Este para organizarmos o carro e aproveitarmos as últimas vezes em que acampaíiamos no Farofa nesta viagem. Ficamos jogados por lá por três dias.

Gustavo voltou à ativa nas churrascadas e ficamos só curtindo e relembrando tantos momentos incríveis que vivemos nestes últimos dois anos.

A cervejinha que nos acompanhou nas churracadas uruguaias foi a Patricia...

... Deliciosa, leve e barata... É uma das mais tradicionais no país. Recomendadíssima.

Após nosso breve descanso em Punta, partimos sem dó em direção ao Brasil. Nossa chegada à fronteira foi muito emocionante.... Uma parte de mim não acreditava que estávamos de volta, já na outra passava um filminho de tudo o que vivemos nos últimos tempos... Foi difícil acreditar que estávamos de volta. Só caiu a ficha mesmo, depois que entramos numa churrascaria daquele jeitão brasileiro, garçom falando português, aquela bangunça tradicional e eles, aqueles dois inconfundiveis simbolos brasileiros.... Arroz e feijão. Nossa, como foi bom comer aquilo! Uma felicidade tão grande, tão grande! Os garçons nos sacanearam por causa da nossa felicidade exacerbada e sem saber o motivo... Falamos que não comíamos arroz e feijao há dois anos e eles fizeram umas caras como se não estivessem entendendo nada... Provavelmente, achando que fizemos alguma promessa hehehe :-)

Nossa primeira parada no Brasil foi na praia do Cassino... Descolamos um hotelzinho que tinha o quê no apartamento? CHURRASQUEIRA!

Pronto, nada mais neste mundo poderia nos fazer mais felizes.... E por ali ficamos dois dias descansando, deixando cair a ficha... Bem devagar... De que estávamos de volta ao Brasil e curtindo tudo como se fossem os últimos momentos das nossas vidas.

Mas tínhamos que manter a calma, pois mais emoções estavam por vir... Chegamos no Rio de Janeiro, claro, com um engarrafamento horroroso na Avenida Brasil e fomos direto ao reencontro dos nossos familiares queridos. Quanta emoção! Quanta alegria! Como foi bom rever aqueles rostos, ouvir aquelas vezes, abraçar quem amamos e ter a certeza que tudo valeu à pena! Foi, talvez, o momento mais emocionante da nossa viagem. Voltar para casa e rever todos aqueles que amamos! Não tenho palavras para descrever. Naquela sexta feira ficamos acordados até tarde sem acreditar direito que estávamos de volta! Estávamos no Rio de Janeiro! Estávamos em casa!

O dia seguinte foi de mais emoção... Um churrascão de chegada nos aguardava com toda a família reunida e os amigos queridos... Mais emoção, mais lágrimas, mais abraços, mais sorrisos e aquela felicidade indescritivel de estar de volta.

Foram exatos dois anos e dezesseis dias na estrada! Dois anos e dezesseis dias de muitas histórias, muitas descobertas, muito aprendizado, desapego, muitas culturas, muita felicidade, muita saudade de quem amamos, muitas comidinhas e bebidinhas deliciosas... Foram dois anos e dezesseis dias de dedicação e incentivo dos nossos familiares queridos que nos acompanharam e estiveram ao nosso lado, com tanto amor e saudade, que mesmo tão longe, nos sentíamos seguros... Foram dois anos e dezesseis dias que estivemos ausentes em momentos importantes nas vidas de amigos queridos... Uns aumentaram suas famílias, outros recomeçaram suas vidas, cada um à sua forma, mas sempre unidos em pensamento pelo verdadeiro significado da palavra amizade... Foram dois anos e dezesseis dias em que fizemos amizade com pessoas que nunca falamos e sequer encontramos, pessoas que nos apoiaram e nos incentivaram com tanto carinho e atenção que parecia que os conhecíamos há anos e anos... Foram dois anos e dezesseis dias de total dedicação e zelo ao nosso bichinho querido, Tapa, o cachorro mais doido e mais amado do mundo! Nosso companheiro incansável e amigo inseparável!  Foram dois anos e dezesseis dias de muito companheirismo, muito cuidado, muita dedicação, muito zelo, muita amizade e muito amor... E, por isso, dedico este último diário de bordo ao meu grande companheiro da vida, da estrada e de alma, o meu querido Gustavo. Definitivamente, o mundo não seria o mesmo sem você!

E é com muita alegria e emoção que termino aqui o último diário de bordo da nossa viagem pelo mundo! Agradecemos imensamente a todos aqueles que, de alguma forma, ajudaram, incentivaram e torceram para que este lindo sonho virasse realidade!

Um brinde à vida e viagens maneiras para todos!

 

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