Ao sair de Salina nos despedimos do nosso amigo Ronald, do Hotel Marnier, e partimos para Montañita.

Esse nosso próximo destino no Equador é famoso pelas boas ondas e pela noite agitada. Um lugar repleto de turistas estrangeiros que são na maioria europeus. Montañita tem muito do romantismo do surf dos anos 70. Os locais ainda tratam os surfistas de fora com um sorriso no rosto, muitas pranchas são no estilo "Fish", mais curtas, largas e algumas ainda são biquilha.

Ali eles fabricam pranchas de bálsamo, uma espécie de madeira, de excelente flutuação. As pranchas são lindas, verdadeiras obras de arte. Deu uma vontade danada de ter uma belezura daquelas.

O astral em Montañita é realmente maneiro. Impossível imaginar uma briga. Os cachorros, que são muitos (o Tapa achou seu sósia), tem livre acesso aos bares e restaurantes, que são bem bacanas e estilosos. Os jovens tratam os velhos com respeito e amizade, e o sorriso é realmente a marca registrada do local.

O que mais me chamou atenção é como funciona a comunidade local. Ali o governo equatoriano não decide nada. É tudo decidido pela Comuna. A Comuna é uma espécie de associação de moradores a qual todo mundo cuida de todo mundo. A Comuna resolve o que é legal para  Montañita e leva o projeto adiante sem esperar a boa vontade do governo. A Anarquia pode funcionar! Fiquei feliz em ver isso dar certo.

Esse é um lugar onde se encontram figuras realmente interessantes, como a brasileira Patricia que desceu de carona em um veleiro da Costa Rica, onde morou por 9 anos, e agora depois de estar ancorada há 2 meses em Montañita, deve ir de bicicleta para o Brasil. Ela treina cerca de 50 km todo dia!

Conheci também o Oscar, um costarriquenho, que tem um surfcamp. Ficou p da vida com a vizinha dele que queria me cobrar o estacionamento para parar o carro na frente de sua pousada. E logo começou a gritar:

-FMI!!! Fundo Monetário Internacional!!! Essa mulher não faz nada por amizade, faz tudo por dinheiro!!! Amigo brasileiro, pare seu carro aqui dentro da minha pousada, aqui é de graça.

O cara era uma figuaraça e me deu um mapa da Costa Rica além de diversas dicas sobre a área. Camarada bacana e conversador.

Logo depois revi os caras do Americarodante.com que cruzamos em Iquique, no Chile. Eles são argentinos e estão dando a volta na América do Sul. Aproveitaram para pegar umas dicas da Amazônia brasileira com a gente.

Ficamos hospedados no Hostal Kundalini, uma pousada maneira, em frente a praia e no pico onde quebram as melhores ondas. Foi bom demais.

Partimos depois em direção à Baños, uma importante cidade turística do Equador.

Passamos por um bosque com árvores muito diferentes. Tinha uma árvore que parecia estar segurando outra, e esta, parecia estar prestes a levar um tombo.

Depois chegamos ao nosso “primeiro milhão”. Tudo bem que esse milhão não era de dólares, mas tirou uma gargalhada da gente. Paramos em Quevedo para dormir. Achamos um estacionamento que tinham dois pitbulls. Um macho solto e uma fêmea amarrada em uma corrente. O dono do estacionamento era meio fanho e falava um dialeto estilo aramaico, meio alienígena, mas deu para entender que ele queria colocar o Tapa para cruzar com a pitbull dele.

Era uma pitbull com as orelhas cortadas tipo cachorro de rinha. Pareciam 2 chifres do capeta.

-Amigo, sua perra vai dilacerar meu perro.

-No, no.... fuk fuk fuk  @#$%@#$@#

- Amigo deixa para lá... meu perro está cansado... já cruzou muito semana passada.

-No, no , fuk , fuk.@#$%@#$@#

Ele tomou a guia da minha mão e pensei “Ferrou essa pitbull vai jantar meu amigo fedorento”. O Tapa driblou a cadela e avançou no prato de resto de comida dela. Parecia que ele não comia há meses, mas na verdade ele estava de saco cheio de ração e queria comida de gente.

Meu amigo não era mais aquele ser viril que finalizava qualquer cadela em segundos. Ele parecia um mendigo esfomeado. O coração dele, naquela noite, era daquele arroz velho com restos de milho. Decepcionado o cara me devolveu a guia. Graças a Deus.

No dia seguinte subimos os Andes por uma estrada esburacada, estreita e perigosa. As montanhas eram tão altas que entramos dentro das nuvens. A neblina era muito densa e não dava para enxergar quase nada.

Passamos as nuvens e continuamos subindo.

Aí começaram a aparecer as lhamas. Amigo, se você vir lhamas em algum lugar é porque você está alto pra cacete.

Em cima das nuvens estão os índios equatorianos que usam um chapéu estilo Robin Hood, além de roupas coloridas e bonitas.

Eles levam seus rebanhos de bichos peludos pelas curvas sinuosas dos Andes.

E chegamos a Baños... porta de entrada da Amazônia equatoriana.

Um lugar onde a selva subiu os Andes.

Nos pés do vulcão mais ativo do Equador, que entrou em erupção a cerca de um ano, está esse lugar cheio de cachoeiras, animais selvagens e piscinas termais.

Termino esse relatório (respirando os puns altos e fedidos do Tapa que comeu um prato de galinha com arroz) com a poesia, que comprei por 50 centavos, de um menino equatoriano de 10 anos, lá em Montañita:

"Que abro las alas y que escapo

De la gente que quiere

Encerrarme

Quiero poder voar para

No gastar plata en pasaje

Para tocar las ballenas desde arriba

Para jugar en el aire

Y dar girus angel y libre."

 

Comidas e bebidas maneiras

A culinária equatoriana é bastante rica e variada devido a sua localização que compreende quatro regiões naturais, são elas: Andes, costa, Amazônia e Galápagos. Seus principais ingredientes são os pescados, o “plátano”, ou banana, verduras, legumes e carnes.

Um dos produtos mais exportados por esse pequeno, mas rico país é a banana. Em quase todos os pratos ela é servida de alguma forma. A banana verde, por aqui, é comumente servida como “piqueo”, ou petisco, e cai bem com uma cervejinha bem gelada.




Há também a banana madura, que pode ser frita ou cozida, e normalmente é servida em pratos com pescados e mariscos em geral.

Um prato tradicional equatoriano, feito com banana, é o “bolon de verde”. Trata-se de uma mistura quente de banana verde, queijo, cebola, manteiga e sal. Uma porção pode ser dividida para duas pessoas ... é bem diferente e gostoso!!



Se você gosta de camarão, aqui irá deliciar-se... dos miúdos aos graúdos. Todos são baratíssimos e estão presentes nos menus de todos os restaurantes.

Experimentamos, em Montañita, camarões, como petisco, preparados de uma forma especial... empanados com coco ralado ao molho de maracujá ... foi de lamber os dedos. Uma combinação perfeita de doce com salgado!




Até a próxima!!!

 

AGRADECIMENTOS:

HOSTAL KUNDALINI

HOTEL MARNIER

 

Recados

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